Preservando
a memória de nossa terra
Wanderlino
Arruda
Montes Claros Centenária é a canção
do primeiro século de independência da cidade.
É o marco de inteligência, de fé e de
amor, cadinho de ternura de Luiz de Paula Ferreira, fruto
importante da nossa história. É a síntese
sentimental de um moderno trovador, menestrel da cultura,
doação viva à nossa realidade e aos nossos
sonhos. A força desta canção é
entrelaçamento de duas existências, de Luiz de
Paula e da cidade, ambos sensíveis ao eterno e ao efêmero,
misticamente voltados para tudo que cheira saudade e afeição.
Mais do que uma prece à meiguice do sangue, Montes
Claros Centenária é um grito de sagrada paixão
pela terra e pelo povo.
Decorridos, agora, 46 anos do Centenário, impossível
descrever o entusiasmo, o afeto e o carinho com que a cidade
comemorou aos 250 anos de sua fundação e os
100 anos de criação do município. Foram
sete dias de festas, em que praticamente todas as famílias
abriram suas casas para receber montes-clarenses saudosos
vindos de todos os quadrantes da pátria. Em cada praça,
em cada lar, a alegria do reencontro, o abraço emocionado
de velhas lembranças, o eclodir sincero da mais pura
devoção a um local abençoado por Deus.
O povo se abraçava, dançava e cantava nas ruas,
cultuando o passado e extravasando esperanças. Era
a transformação de cortejos em alegorias de
amenas certezas, uma doce e gostosa gratidão ao berço
natal. Feliz de quem teve a sorte de viver aqueles dias neste
santificado Arraial de Nossa Senhora da Conceição
e São José das Formigas, tudo tão Montes
Claros.
A canção Montes Claros Centenária, que
a inspiração de Luiz de Paula transformou em
hino de lirismo e vibração para velhos e jovens,
foi o elo emocional necessário para tornar o momento
inesquecível, iluminando recordações
e fazendo cintilar o porvir. A gravação de 78
rotações feita na época, hoje guardada
como relíquia, incrustação material no
espaço afetivo, agora, em nova técnica, se faz
presente para reavivar nova onde de sentimentos bons. Atualizada,
cantada com o encanto da voz de Carlos Galhardo e do Quarteto
em Cy, bem orquestrada, será, por certo, a perenização
de um dos mais altos instantes de nossa tão querida
Montes Claros Centenária.
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